sábado, 18 de abril de 2009

aconteceu - Teixeira e Souza na Academia Brasileira de Letras




No dia 15 de abril, o mais ilustre escritor cabo-friense, e autor do primeiro romance brasileiro, Antônio Gonçalves Teixeira e Souza, representado pelo ator Vinícius Canisso, visitou a Academia Brasileira de Letras, no Rio, casa de Machado de Assis e de grandes imortais da literatura do Brasil. A visita aconteceu em função de uma mesa redonda proposta pela Academia Cabo-friense de Letras.

Fizeram parte da mesa, que contou com a Presidência de Honra do Acadêmico e poeta Ivan Junqueira e Presidência Executiva do Professor Leodegário de Azevedo Filho (ABRAFIL, UERJ e UFRJ), Demócrito Jonathas de Azevedo, presidente da Academia Cabo-friense de Letras (ACL), o também acadêmico Domício Proença Filho, o professor e integrante da ACL, Carlos Alberto Sepúlveda e Nei Lopes, escritor e compositor.

O acadêmico e presidente da mesa, Ivan Junqueira, abriu o evento destacando a importância de tornar Teixeira e Souza mais conhecido: “Estamos hoje aqui para relembrar esse ilustre desconhecido. Se perguntarmos a muitos brasileiros quem foi Teixeira e Souza, não vão saber falar sobre esse escritor fantástico, cabo-friense, que comemora o seu bi-centenário em 2012”.

O também acadêmico Domício Proença falou sobre “O Filho do Pescador”, livro lançado em 1842 e considerado o primeiro romance brasileiro: “É um folhetim que se passa no Rio de Janeiro, mais especificamente em Copacabana. Considerado moderno para a época, trata de traição e de quase um incesto. Também possui em seu conteúdo mistério, fatalidade e suspense. Teixeira e Souza faz, no livro, comentários sobre as ações dos personagens, estilo característico de Machado de Assis”, destacou.

O acadêmico também relacionou o escritor cabo-friense a outros escritores brasileiros pioneiros: “ ‘O Filho do Pescador’ não fica tão distante dos primeiros romances de José de Alencar, nem mesmo de ‘A Moreninha’, de Joaquim Manuel de Macedo, que inicialmente era considerado o primeiro romance brasileiro, mas deu lugar ao livro de Teixeira e Souza, com todo mérito ao escritor de Cabo Frio”.

Presidente da ACL, Demócrito Jonathas de Azevedo falou sobre o pioneirismo de Teixeira e Souza: “Ele tratou das tragédias, de inclusão do índio em romances, introduziu o regionalismo, o diálogo com o leitor, a consciência ecológica em seus livros, a força da mulher, a técnica do ‘flashback’ (voltar ao passado), além de ser o primeiro a falar sobre Copacabana”, destacou.

O professor Carlos Sepúlveda falou sobre o preconceito vivido por Teixeira e Souza e também atribuído a sua obra, “era um escritor mulato e pobre”, disse, lembrando, entretanto, da importância do autor: “ele foi ousado por escrever e publicar um livro em 1842”.

O escritor e compositor Nei Lopes citou a importância da recuperação do nome de Teixeira e Souza em Cabo Frio: “O nome dele foi recuperado graças ao ativismo negro de Cabo Frio, iniciado na década de 80”, disse Lopes, destacando também a amizade entre Teixeira e Souza e o editor, também mulato, Francisco de Paula Britto, tipógrafo que empregou Teixeira e Souza quando o escritor se mudou para o Rio e publicou oficialmente “O Filho do Pescador”.

Ao final do evento, que contou com a presença do coordenador de Cultura de Cabo Frio, Guilherme Guaral, o grupo “Apanhei-te Cavaquinho” fez uma pequena apresentação para o público seleto de pouco mais de 30 pessoas.

Documentário – O ator e diretor Guilherme Guaral está produzindo um documentário sobre a vida de Teixeira e Souza. O documentário faz parte das comemorações do “Ano Teixeira e Souza”. Ontem, no Rio, foram feitas filmagens com o ator Vinícius Canisso na Praia de Copacabana, local que inspirou o escritor cabo-friense a escrever “O Filho do Pescador”. O documentário começa a ser exibido nas escolas no mês de maio, mas, de acordo com Guaral, deve ser exibido ao grande público no mês de setembro, durante o Curta Cabo Frio.

Viviane Teixeira

Nenhum comentário: